17 março 2020

Resenha | Não basta não ser racista - Sejamos antirracistas - Robin Diangelo


Livro: Não basta não ser racista: Sejamos antirracistas
Série: Não
Gênero: Não-Ficção, Sociologia
Autora: Robin Diangelo
Editora: Faro Editorial
Páginas: 192
Ano: 2020

Sinopse:
É hora de todos os brancos abandonarem a ideia de superioridade e, de fato, atuarem no combate ao racismo. Negação, silêncio, raiva, medo, culpa... essas são algumas das reações mais comuns quando se diz a uma pessoa que agiu, geralmente sem intenção, de modo racista. Ser abertamente racista não é algo socialmente aceitável. Ninguém quer ser visto assim. Mas cada vez que se nega o racismo, impedimos que ele seja abordado e que nossos preconceitos sejam discutidos. As reações de negação não servem apenas para silenciar quem sofre o preconceito, também escondem um sentimento que a autora Robin Diangelo passou a chamar de fragilidade branca. Em seus estudos, Diangelo catalogou frases, palavras e sentimentos de voluntários que se veem sem qualquer preconceito e demonstrou que, no fundo, ele estava lá. Sua proposta é que todos comecem a ouvir melhor, estabeleçam conversas mais honestas e reajam a críticas com educação e tentando se colocar no lugar do outro. Não basta apenas sustentar visões liberais ou condenar os racistas nas redes sociais. A mudança começa conosco.

Resenha:
Esse é um assunto que muito me interessa por isso não pensei duas vezes em solicitar o livro quando vi ele entre os lançamentos da editora. Mas confesso que está bem dificil para escrever essa resenha porque é um tema muito importante para escrever algo leviano por aqui. Antes de mais nada esse livro é escrito para pessoas brancas e as palavras contidas nele é para incomodar e nos fazer refletir sobre algo que num primeiro momento nossa reação é negar que somos: racistas. Se eu fizer essa pergunta "você é racista? a resposta é não. Mas será mesmo?

A autora vai mostrar no livro que todos nós somos racistas porque racismo não tende a ser apenas um ato isolado, que é o que todos nós temos como definição de racismo e sim um comportamento de um grupo, geralmente apoiado pelo poder da autoridade legal e do controle institucional. É uma ideologia praticada por toda sociedade e geralmente começa antes mesmo do nosso nascimento. Vai além do preconceito, que aliás todo nós temos também mesmo que negamos ter, e da discriminação que é o preconceito sendo colocado em prática. É muito maior do que todos nós imaginamos, está enraizado dentro da nossa sociedade. Entranhado em nossa cultura

E porque não mudamos essa situação? Primeiro porque negamos a existência do racismo. E porque negamos? porque é confortável para quem é branco manter esse tipo de situação, o que a autora denomina como fragilidade branca. É claro que ficamos horrorizados quando vemos um negro apanhando ou sendo morto apenas por ser negro, mas será que temos esse mesmo pensamento quando falamos de cota racial nas universidades por exemplo? Ou quando compactuamos com piadas e expressões como "serviço de preto"?


O foco do livro é claro os Estados Unidos, mas infelizmente o racismo está no mundo todo. E mesmo os dados usados pela autora no livro sendo referentes ao EUA, as situações poderiam caber perfeitamente em nosso país. E outra coisa que senti lendo esse livro foi que, o livro é sobre racismo, mas outras formas de opressões, machismo, sexismo, homofobia, classismo, etc, poderiam muito bem se encaixar em cada uma das frases usadas no livro. Frases defensivas usadas por quem geralmente está sendo o opressor como "eu tenho um amigo/parente negro/gay", poderia se encaixar em qualquer uma dessas situações.

É triste de saber que ainda hoje existam pessoas que acreditam que o racismo terminou com a abolição da escravatura, sendo que onde olhamos vemos o racismo presente. É só pensar quantos negros existem no Brasil e quantos desses estão em alguma posição de destaque. Ou nem precisa ir tão longe. No seu trabalho ou na sua escola, quem é a maioria, brancos ou negros? E também existem os que relacionam racismo com maldade. Que fulano não pode ser racista porque ele é uma pessoa boa. Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Aprendi muito com esse livro. Eu não sabia por exemplo que quando as mulheres tiveram o direito ao voto enfim reconhecido, foram somente as mulheres brancas, as negras ainda precisaram lutar anos para conseguirem isso. E apesar de ter assistido filmes onde existam esse tipo de coisa, não pude deixar de ficar surpresa ao saber que existiam escolas, hospitais e até igrejas separadas para brancos e negros. Como assim, igrejas onde se prega que todos são iguais aos olhos do Senhor? E isso de igualdade é outro ponto abordado pelo livro porque apesar de muita gente afirmar isso, é humanamente impossível tratarmos todos como iguais.

E nem deve ser assim porque não somos mesmo iguais e quando afirmamos isso estamos somente deixando de debater o racismo. Queremos equidade e não igualdade. Em todos os sentidos. E mesmo que neguemos, é confortável para nós brancos que as coisas permaneçam assim. Esse livro e esse debate levantado pela autora é necessário, por isso torço para que cada vez mais livros, filmes, musicas e todas as formas que levam conhecimento as pessoas falem mais sobre esse assunto. E se você terminou de ler essa resenha com um sentimento de desconforto, imagine eu ao terminar de ler o livro? As palavras são fortes e a autora pega pesado, mas como disse antes, são palavras necessárias.

E antes de terminar parabenizo a Faro por trazer esse livro para o Brasil, com a mesma qualidade e cuidado com que sempre vejo em suas publicações. É um livro mais do que recomendado.

Nota:













14 comentários:

  1. Oi, Sil como vai? Este assunto precisa ser lido e discutido na sociedade de forma mais abrangente, infelizmente no Brasil há um preconceito enraizado e camuflado, onde todos nós sabemos que existe o racismo, no entanto os que estão no poder (maioria branco, para não dizer totalidade) finge que não existe. Fiquei interessado na leitura, pois gosto de livros não ficcionais, e este aí é sobre um assunto que precisa ser esclarecido para nossa sociedade. Adorei a resenha. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. very nice article for review some a book. cool

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  3. Oi Sil! Eu não conhecia o livro mas quero muito ler, acho ele extremamente necessário. Eu acredito que todos nós já fizemos comentários considerados racistas sem nos darmos conta, então basicamente seria um tapa na cara, algo que precisamos ouvir né?
    Beijo!
    https://www.capitulotreze.com.br/

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  4. Oi Sil, tudo bem? Eu fiquei com vontade de ler esse livro, mas estou lendo o da Lauren. Vou deixar na minha lista de leitura porque gosto muito do tema.

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante


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  5. Oi Sil,
    É uma temática muito difícil de descrevernos, mas é importante demonstrarmos respeito para aqueles que vivem na pele e ajudarmos no que pudermos.
    Um livro totalmente necessário!!!!!!!!!!!!
    beeijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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  6. Eu não conhecia esse livro, mas ele é um tapa na cara da sociedade. Principalmente porque tendemos a pensar que estamos progredindo, quando na real voltamos a conceitos tão antigos e obsoletos, mas que estão entranhados em nós, num momento em que isso não deveria mais existir. Amei a dica de leitura e esse livro é bem necessário nos dias de hoje.
    Bjks!

    Mundinho da Hanna
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  7. Oi
    parece ser um livro bem difícil de se ler, que faz o leitor refletir sobre suas atitudes, parece ser uma leitura obrigatória.

    http://momentocrivelli.blogspot.com/

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  8. Oi Sil.
    Este é daqueles livros que nos chacoalham e nos fazem refletir e repensar conceitos. Temos muito ainda a aprender, e a mudar em relação não só ao racismo como em muitas outras coisas para sermos uma sociedade melhor e mais justa.
    Coloquei na lista.
    Bjus

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  9. Muito bem pontuado, Sil! Livro muito necessário, o racismo está nas coisas em que já estão normalizadas dentro da sociedade e é preciso uma educação intensa para que todos vejam isso. Quando falamos de feminismo negro é exatamente nesse ponto que queremos chegar, enquanto mulheres brancas estavam conquistando o direito do voto, mulheres negras estavam tentando ter o direito de viver livre com moradia e comida. Na luta feminista, mulheres negras estão sempre atrás, por isso é tão importante conhecer o feminismo negro. Recomendo o livro da Djamila Ribeiro "Quem tem medo do feminismo negro"

    Beijo <3
    http://www.leiapop.com/

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  10. Oi Silvana, e aí tudo bem com você?

    Depois de um tempo ausente, tô de volta!

    E quero te ver novamente por lá. Até!



    Obs: Estou em um novo endereço, mundoalternativo! ;)

    Obs: O livro parece ser bem legal mesmo!

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  11. Desde que vi o lançamento da obra fiquei com vontade de ler. É bem necessário falar sobre o assunto e a obra me interessou bastante!

    Beijos

    Imersão Literária

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  12. Oi, Sil

    Que interessante um livro sobre racismo escrito para pessoas brancas. Acho que você pontuou bem seus argumentos pautados no racismo estrutural, aquele que a gente nem se dá conta, mas acaba praticando sem perceber. É algo que tem que ser trabalhado diariamente e ainda tenho esperança que chegará o dia em que isso tudo será apenas uma triste lembrança, como outras manchas históricas da nossa sociedade.

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

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  13. Oi Sil!
    Uma temática importante para um livro que parece incrivel *-* Nem li mas amei e inclusive também parabenizo a editora pela iniciativa. É importante demais colocar as pessoas para pensarem sobre certas atitudes. Tentar se colocar no local do outro e perceber que nada é tão fácil quando parece ser pra você.

    Abraços
    Emerson
    https://territoriogeeknerd.blogspot.com/

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  14. Oi Sil,

    Muito bacana o livro. Não sabia desse lançamento da Faro e achei o tema e jeito abordado bem interessante, pois realmente se prestarmos atenção há muitas coisas ainda que levam ao racismo e nós nem percebemos as vezes.
    Dica anotada!

    Bjs
    http://diarioelivros.blogspot.com/2020

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