Resenha | A Casa Torta - Agatha Christie

Livro: A Casa Torta
Série: Box 7 #1
Gênero: Policial
Autora: Agatha Christie
Editora: HarperCollins Brasil
Páginas: 207
Ano: 2017

Resenha:
Charles Hayward e Sophia Leonides se conheceram no Egito quase no fim da Segunda Guerra Mundial. Charles ficou encantado com a jovem muito bonita e bem humorada que aos 22 anos já ocupava um importante cargo num dos departamentos do Ministério do Exterior. Eles logo se tornaram amigos e sempre estavam juntos em todos os lugares. Mas foi só quando Charles foi transferido para o Oriente e ele ia ficar longe de Sophia por sabe se lá quanto tempo que ele percebeu que o que sentia por Sophia era mais do que amizade. Mas como Charles não quer empatar a vida de Sophia ele decide que mesmo querendo firmar um compromisso com ela, ele não vai fazer o pedido até que volte para a Inglaterra. Só que Charles se declara antes de ir e ao fazer isso ele percebe que apesar de conversarem tanto, ele pouco sabe da vida de Sophia. 

Então Sophia conta um pouco sobre sua grande família, que por causa da guerra estão praticamente vivendo todos juntos na casa torta, sob a proteção de seu avô Aristide Leonides, um homem notável apesar de seus um metro e meio e mais de oitenta anos. Nos dois anos que passam separados, Charles e Sophia se correspondem por carta e apesar do tom das cartas ser mais de amizade, Charles está certo de que Sophia o ama. Então assim que volta para a Inglaterra Charles manda um telegrama convidando Sophia para jantar pensando em fazer o pedido e se casar com ela o mais breve possível. Porém o avô de Sophia acabou de falecer e Sophia diz que eles não podem se casar até tudo ser esclarecido, já que Charles é um diplomata e não pode ter uma esposa suspeita de um crime, porque seu avô pode ter sido o assassinado.

Por coincidência Charles é filho do comissário-assistente da Scotland Yard que está responsável pelo caso junto com o inspetor-chefe Taverner. Seu pai diz que Leonides foi envenenado e a principal suspeita é a viúva cinquenta anos mais jovem. Mas qualquer um dos familiares pode ser o assassino. E o motivo poderia ser o dinheiro, já que Leonides é podre de rico, se não fosse o detalhe de que Aristides deu a cada um deles independência financeira e se alguém precisasse de mais, era do pedir. E como Charles tem um interesse pessoal para que se resolva tudo da melhor e mais rápida forma possível, seu pai sugere que ele se infiltre entre os familiares e descubra tudo o que puder sobre cada um deles. E Charles percebe que todos poderiam ser o assassino, mas que nenhum deles realmente parece ser o culpado.

"Era uma vez um homem torto que andou por uma estrada torta
E achou uma moeda torta junto a uma porteira torta
Ele tinha um gato torto que caçou um rato torto
E viveram todos juntos numa casinha torta."

A Casa Torta é considerado pela própria autora um dos seus melhores livros. Mas quando começamos a ler vemos uma trama policial bem clichê e logo vem a mente a pergunta de como a Agatha pode considerar esse livro um dos seus melhores sendo uma trama tão simples e a principio nem um pouco original para quem já leu vários dos livros dela? Mas a genialidade está em sua conclusão. Acho dificil encontrar uma pessoa que tenha descoberto o assassino, e se desconfiou de quem era, deve ter imaginado que isso seria impossível de se verdade e descartado a ideia. Como vocês já sabem, é só olhar a minha foto ali de perfil, sou fã de carteirinha da autora, mas mais uma vez fui surpreendida pela capacidade da autora em criar tramas aparentemente simples, mas que deixam o leitor de queixo caído no final e com aquela pergunta: porque não pensei nisso antes?

A história é narrada pela visão do Charles e confesso que até dele desconfiei. Os moradores da casa torta são todos excêntricos e todos eles poderiam ser o assassino já que nenhum tem um álibi para a hora da morte e o crime foi sugerido pela própria vítima como uma piada enquanto estavam todos a mesa. Mas com exceção da viúva, nenhum deles tem uma motivo plausível para cometer o crime. Então fica aquela dúvida de quem entre tantas pessoas é o criminoso já que todos, até eles mesmo desconfiam de que foi um deles. Eu criei mil teorias e imaginei várias explicações e nenhuma delas chegou perto da realidade. Confesso que senti falta do meu querido Poirot durante a leitura, com ele na trama parece que o crime já está resolvido pelo tanto de confiança que ele exala. Mas Charles também foi um bom protagonista.

Temos vários personagens que se destacam na história. Sophia eu achei meio fria, mas depois do meio da trama em diante vemos o motivo dela agir assim. E temos um personagem que ganha o leitor logo de cara pela sua esperteza, a Josephine, irmã mais nova da Sophia. Ela está sempre atenta e percebe as coisa antes até mesmo do que da policia. E um personagem que está morto mas que faz toda a diferença é o Aristide, que mesmo depois de morto ainda continua a mover as peças do jogo. Enfim, é uma leitura bem rápida, dá para ler em algumas horas, que recomendo para quem gosta de um bom livro policial. Quanto a edição melhorou muito a revisão do que quando os livros do box eram publicados pela Nova Fronteira. E essa capa (dura) compensa porque é bem mais bonita do que a maioria das edições que temos dos livros da Agatha.

Nota: