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26 maio 2016

Resenha | O Sol é para todos - Harper Lee


Livro: O Sol é para todos
Série: Não
Autora: Harper Lee
Editora: José Olympio
Gênero: Romance
Páginas: 364
Ano: 2015

Resenha:
Em O Sol é para todos, conhecemos o mundo pelos olhos de Scout, uma garota de seis anos que vive em Maycomb, pequeno município do Alabama, no inicio dos anos 1930. Ela mora com seu pai Atticus, seu irmão Jem, e Calpúrnia, a cozinheira. Essa ultima que vive em pé de guerra com Scout, mas Scout sempre perde as discussões, já que seu pai sempre fica do lado de Calpúrnia. Não tem muito o que se fazer na cidade, principalmente nas férias de verão e os limites deles para as brincadeiras é ao alcance dos berros de Calpúrnia, ou seja duas casas para um lado, até a casa da rabugenta Sra. Dubose, e três casas para o outro lado, até na residencia dos Radley. Toda vez que eles passam na frente da casa dos Radley, eles passam correndo com medo. Dizem que a casa é  amaldiçoada, e que lá mora um fantasma do mal e que Boo Radley, o filho desequilibrado dos Radley, come esquilos e gatos crus. 

Scout vai a escola pela primeira vez e logo no primeiro dia já fica de castigo. Primeiro porque a professora não entende ela já saber ler e escrever, mais uma coisa que é culpa de Calpúrnia já que foi ela quem ensinou Scout a ler, e depois por conta de Scout falar a verdade sobre um aluno não ter o que comer e não aceitar a ajuda de ninguém. Scout não tem culpa se a professora é nova e não conhece as famílias locais. Mas logo é verão, e Dill, sobrinho da vizinha, vem passar as férias e eles se divertem imitando as pessoas e encenando as suas cenas preferidas dos filmes de cinema. Mas isso logo fica cansativo, e por mais que eles avisem Dill, ele fica obcecado pela casa dos Radley e desafia Jem a ir até lá. A ideia é fazer com que Boo sai de casa. Mas Atticus fica muito bravo e faz eles prometerem deixar o vizinho em paz.

Mas as férias acabam e Scout tem que voltar para a escola, porque até agora ela não conseguiu convencer seu pai de que não precisa ir. E logo vem mais confusão pela frente. Scout precisa brigar com um dos alunos que diz em alto e bom som que Atticus defende pretos. Quando ela pergunta a seu pai se é verdade, ele diz que está defendendo Tom Robinson, um negro que frequenta a igreja de Calpúrnia que foi acusado de estuprar uma garota branca, e pede que Scout não brigue mais por isso, já que ela vai ouvir bastante coisa a esse respeito daqui para frente. Então ela preferiu ser chamada de medrosa à brigar, só para não decepcionar Atticus. E como se não bastasse ter que ouvir falarem de seu pai na escola, agora ela tem que ouvir em sua família também. Seu primo Francis diz a ela que seu pai adora pretos e que ele é a ruína da família. Ela não aguenta e soca a cara de Francis. Mas Scout vai ter que aprender a se controlar, porque isso será só o começo dos tempos difíceis que ela, Jem e Atticus irão passar.

Esse é o tipo de livro que eu não leria se não estivesse no desafio literário que estou participando. Mas ainda bem que estava lá, porque é uma história linda e que merece a pena ser lida. Quando vi que o assunto era o racismo, achei que a história fosse bem mais pesada, mas como é vista através dos olhos inocentes de uma criança, ela se tornou leve e agradavel, sem deixar de passar a mensagem que a a autora queria. Mensagem essa que é tão atual quanto no dia em que o livro foi escrito em 1960 e quando a história acontece em 1930. Apesar de hoje em dia o racismo ser considerado crime, isso não impede de algumas pessoas continuarem a se acharem melhores do que os negros. Infelizmente eu conheço muita gente assim. Dizem "eu não sou racista, tenho amigos negros, mas minha filha(o), não pode se casar com alguém de 'cor', imagine o que as pessoas vão pensar". Essa é a nossa realidade.

Scout, ou melhor Jean Louise, é uma criança como qualquer outra e acompanhar a história pelo seu ponto de vista foi um prazer. Quem ai que na sua infância não tinha aquela casa mal-assombrada que todos os amigos tinham medo de até passar em frente e viviam desafiando uns aos outros para entrar na casa? Foi muito bom relembrar esse tipo de coisa. E também de perceber como vemos o mundo diferente quando somos crianças. Como achamos que é tão fácil mudar as coisas e achamos que os adultos é que não querem fazer nada. Isso é mostrado pela autora nos personagens de Scout e Atticus, por vezes visto pelos filhos até como um covarde, mas pelo seu exemplo, vemos como as crianças aprendem. São as ações dos pais que ensinam e não suas palavras. Enfim, é um livro que irei reler futuramente. Ele é ótimo e indico para todos. Essa nova edição da José Olympio está maravilhosa, com uma capa linda.

"Mas antes de ser obrigado a viver com os outros, tenho de conviver comigo mesmo. A única coisa que não deve se curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa."

"Queria que você a conhecesse um pouco, soubesse o que é a verdadeira coragem, em vez de pensar que coragem é um homem com uma arma na mão. Coragem é fazer uma coisa mesmo estando derrotado antes de começar. E mesmo assim ir até o fim, apesar de tudo."

"Ninguém precisa mostrar tudo o que sabe. Não é educado. Em segundo lugar, as pessoas não gostam de quem sabe mais que eles. Incomoda. A gente não muda os outros falando direito, eles precisam querer aprender. E se não querem, o jeito é ficar calada ou falar como eles."

"Olha, Jem, eu acho que só existe um tipo de gente: gente."

Nota:




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