Resenha | A Invasão de Tearling - Erika Johansen

Livro: A Invasão de Tearling
Série: A Rainha de Tearling # 2
#1 - A Rainha de Tearling
Gênero: Distopia, Fantasia
Autora: Erika Johansen
Editora: Suma
Páginas: 400
Ano: 2017

Esse livro é o segundo de uma trilogia e contêm spoiler do livro anterior.

Resenha:
Kelsea viveu até seus dezenove anos em um esconderijo em uma cabana isolada de tudo e de todos. Como futura rainha de Tearling, sua cabeça sempre esteve à premio. Mas quando completou dezenove anos a Guarda Real veio buscá-la para que Kelsa assumisse seu lugar de direito. E as dificuldades para chegar em Nova Londres e ser coroada foram enormes, mas elas não são nada perto do que Kelsea vai ter que enfrentar como Rainha. Em sua primeira grande decisão, Kelsea fica entre a cruz e a espada, e acaba decidindo pelo o que ela acha ser o correto, da maneira que não fere seus princípios e assim coloca todos em Tearling em perigo. Ela decide acabar com o envio de escravos para Mortmesne, rompendo assim o acordo entre os reinos.

Num primeiro momento todos comemoram, principalmente as famílias cujas pessoas estavam sendo levadas, mas depois percebem que com o fim do acordo, a Rainha Vermelha vai invadir Tearling com todas as suas forças, que por sinal são infinitamente maiores que as de Tearling. O exército Mort tem quatro homens para cada um de Tear e seus armamentos não se comparam com os de Tear. Isso sem falar dos poderes da Rainha Vermelha. E ela tem a obrigação de invadir Tear ou os outros reinos também vão achar que podem se revoltar contra Mort como fez Tear. Mesmo que isso contrarie a vontade da coisa sombria que habita Fairwitch, por isso ela ordena que seus exército evite as montanhas de Fairwitch, fazendo assim com que Tear tenha alguma vantagem na invasão, mesmo que essa vantagem seja apenas em atrasar a invasão, porque que  Tear será invadida não resta a menor dúvida de nenhum dos lados.

E enquanto pensa em uma maneira de mudar essa situação, Kelsea começa a evacuar as pessoas para Nova Londres, e isso faz com que os nobres da cidade comecem a se revoltar contra ela já que a quantidade de pessoas é enorme e não tem nem espaço, nem comida suficiente para todos. E em meio a esse caos Kelsea começa a perceber mudanças nela mesma, tanto físicas como mentais. Mesmo comendo a mesma quantidade de antes e não fazendo nenhum exercício, ela começa a perder peso e desenvolve uma estranha conexão com o passado. É como se ela viajasse no tempo e visse a história pelos olhos de outra pessoa, no caso pelos olhos de Lily Mayhew, uma garota que viveu nos Estados Unidos pré-Travessia. Mas como a história de Lily, que vive em uma época onde as mulheres valiam menos do que nada vai ajudar Kelsea a fazer alguma coisa por seu povo? E o que dizer das safiras de Kelsea que aparentemente estão mortas, mas que podem ser as responsaveis pelas mudanças em Kelsea?

Quando o primeiro livro de uma trilogia é muito bom fica aquela expectativa de que se o segundo livro vai conseguir manter o mesmo ritmo. E quando ele vai muito além do primeiro, você fica sem folego e de queixo caído. Eu esperava muito e ganhei além disso. A Invasão de Tearling conseguiu superar e muito seu antecessor, tanto a escrita da autora evoluiu como a história ganhou outros ares e acabou virando duas histórias em uma. A narração em terceira pessoa nos permite ter uma visão mais ampla de todo o universo criado pela autora, assim podemos acompanhar não só o que acontece com a protagonista, mas com diversos personagens que por menor que possam parecer, suas participações são fundamentais para o desenvolvimento da mesma. 

Nesse segundo livro vamos ter muitas respostas que foram levantadas no primeiro livro. Através das visões de Kelsea com Lily vamos conhecer o passado antes da Travessia e o fundador de Tearling, Willian Tear e seu sonho com o Mundo Melhor. Também vamos conhecer o passado e a identidade da Rainha Vermelha, a antagonista que pouco apareceu no primeiro livro, mas que nesse divide as atenções com Kelsea de forma quase igual. Mas também temos várias coisas que ainda é um mistério, como o alcance do poder das safiras e a identidade do pai de Kelsea. Eu já estou aqui me roendo de curiosidade para saber quem é o dito cujo e porque tanto mistério em torno de quem é ele. E também fiquei querendo saber mais sobre Fetch que nesse livro aparece menos ainda do que no primeiro, o que me frustou um pouco.

Mas o grande destaque do livro sem dúvida é Kelsea. Ela ainda é o personagem forte que amamos no primeiro livro, mas nesse ela está insegura e ainda tenho minhas duvidas de se o motivo são as safiras, mas ela está bem mais cruel, o que não pensei que aconteceria. Eu admirei ela em boa parte da história e odiei ela em tantas outras. Mas em nenhum momento ela me decepcionou. Afinal é uma garota de dezenove anos com o peso do mundo em seus ombros. Que outra decisão ela poderia ter tomado? Devia ter deixado as pessoas continuarem sendo levados como escravos e coisas piores? Então enquanto uns a aplaudem por sua atitude outros a reprovam por ter atraído a ira da Rainha Vermelha e seu grande exército sabendo que eles não teriam nenhuma chance contra os morts.

E eu fiquei o tempo todo me colocando no lugar dela. O que fazer quando um exército enorme está vindo para acabar com todo seu povo? E uma coisa que me incomodou o tempo todo é que as pessoas a sua volta recriminavam suas atitudes, mas não ofereciam outra solução em troca. Kelsea apesar de estar rodeada de pessoas que dariam sua vida pela dela, está sozinha. Foi através dela que pude ver o quanto uma família faz falta. Ela não tinha com quem se abrir e conversar sobre o que estava acontecendo. E além do exército mort, ela ainda tem que enfrentar a oposição da igreja comandada pelo Santo Padre que a odeia. Por isso não a julgo por uma coisa que ela fez no final do livro que com certeza vai dar ruim no próximo livro.

E o final? Que final foi aquele, eu preciso do ultimo livro da trilogia. É até maldade a autora fazer isso com os leitores hehe. A Invasão de Tearling está entre os melhores livros que li no ano. Eu que achei que ia ser apenas mais uma distopia, me vi envolvida em uma história que tem de tudo um pouco, e aqui fica um alerta porque o livro apesar de parecer, não é um infanto juvenil. Tem cenas bem fortes nesse livro, cenas cruéis mesmo que mostram o pior do ser humano, por isso já vá preparado para essas cenas mais fortes. Quanto a edição do livro, está maravilhosa assim como a do primeiro e a capa tão incrível quanto. Só me resta indicar a leitura porque vale muito a pena. E que venha logo o ultimo livro porque estou aflita para saber como termina essa história.

Nota: