Resenha | Românticos incuráveis: Quando o amor é uma armadilha - Frank Tallis

Livro: Românticos incuráveis
Série: Não
Gênero: Não-Ficção
Autor: Frank Tallis
Editora: Faro Editoral
Páginas: 240
Ano: 2019

Resenha:

Quando vi esse livro entre os lançamentos da faro Editorial, a primeira coisa que me chamou a atenção foi o título do livro e sua capa bem expressiva. Então li a sinopse e vi que se tratava de um não-ficção, o que foge totalmente da minha zona de conforto, porque de cada 500 livros que leio 1 é de não-ficção e olhe lá ainda. Mas o livro acabou me chamando e eu resolvi arriscar a leitura. 

E confesso que gostei muito do que encontrei, só não dei nota máxima porque acho que estou acostumada com histórias fictícias, com começo meio e fim e aqui as histórias são reais e como são pacientes de um terapeuta, quando eles tem alta, ou param de vir, a história meio que acaba ficando sem final. E assim como o autor do livro, eu fiquei querendo saber como os pacientes tinham se saído depois das sessões de terapia. 

O livro é bem diferente de tudo o que já li. Nele temos o doutor em psicologia, especializado em transtornos obsessivos Frank Tallis, falando sobre alguns dos seus casos que envolvem o tema do Amor Doente. É claro que os nomes foram trocados para proteger a privacidade dos envolvidos. E além das histórias e das sessões dos pacientes, ainda temos o autor tentando explicar os casos aos olhos da medicina.

E nisso temos vários casos e citações de outros nomes famosos, entre eles o criador da psicanálise Sigmund Freud. Ele também cita colegas de profissão e tratamentos que foram feitos em casos parecidos. E foi outra coisa que achei bem interessante, saber que algumas coisas já acontecem há muitos anos e ainda hoje não existe uma cura específica.

São ao todo doze casos que abordam os mais variados tipos de situação onde o "amor" é o grande vilão. Mas como disse antes, não fica focado somente nesses casos mas ao longo do livro o autor vai relembrando de outras histórias e pacientes que ele já tratou. E tem alguns que chamam mais a atenção do que os outros. E é desses que vou comentar um pouco na resenha. 

O mais chocante de todos é logo o primeiro caso. Megan uma mulher de quarenta e cinco anos precisou fazer uma cirurgia dentária e quando acordou da anestesia e olhou para seu dentista, ela teve a certeza de que o amava com todas as suas forças e que seus sentimentos eram retribuídos. Então ela começou uma perseguição implacável ao doutor porque nada, nem o próprio, a convencia de que ele não sentia nada por ela. Com seu casamento em risco o doutor precisou mudar de país e ainda assim Megan não deixou de acreditar no amor entre eles.

Outro caso interessante é de um rico empresário que gastou toda sua fortuna com prostitutas. E o dinheiro não era pouco não. Mas segundo ele o dinheiro foi gasto porque com cada mulher que ele saia, era como se ele estivesse em uma nova conquista e precisava presentear as mulheres, levá-las para jantar, faziam planos para ao futuro. Mas o irônico é que em nenhum momento ele pensou em deixar sua esposa. 

E um que acho que muita gente se identificaria é o caso da Anita, uma mulher extremamente atraente que sente um ciumes incomum do namorado. Ela quer saber onde ele está e o que está fazendo a cada segundo. Ela lê e-mails, extratos da conta bancária e cheira as roupas do namorado procurando algum vestígio de traição. Não importa se a pessoa em questão jura de pés juntos que não fez nada. Ela não consegue manter nenhum relacionamento porque não entra em sua cabeça que um homem pode ser fiel.

E tem também o caso da mulher que via o fantasma do marido morto porque não aguentava de saudades dele, principalmente do sexo. Tem outro que acreditava estar possuído por um demônio, e era o demônio que o fazia sair com prostitutas, tem outro de um líder religioso que acaba quase matando a namorada e seus filhos porque não aguentava esperar o divorcio dela sair para que eles pudessem se casar e fazer sexo, e tem até um caso de um pedófilo que jurava que sua obsessão só estava em sua cabeça e ele nunca tinha feito nada com nenhuma criança.

Enfim não vou me estender mais nessa resenha, mas finalizo ela indicando o livro. Se você já gosta de não-ficção acho que vai achar a leitura bem agradável e se não gosta como eu, não vai ficar tão desconfortável como eu achei que seria. Quanto a edição, mais uma vez a Faro fez um ótimo trabalho tanto de capa como de diagramação. O livro está muito bem feito e dá até gosto de ter ele na estante.

Nota: