Resenha | Proibido - Tabitha Suzuma

Livro: Proibido
Série: Não
Autora: Tabitha Suzuma
Gênero: Romance
Editora: Valentina
Páginas: 304
Ano: 2014

Sinopse: Ela é doce, sensível e extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis.
Ele é brilhante, generoso e altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por trás daqueles intensos olhos verdes.
Eles são irmão e irmã.
Com extrema sutileza psicológica e sensibilidade poética, cenas de inesquecível beleza visual e diálogos de porte dramatúrgico, Suzuma tece uma tapeçaria visceralmente humana, fazendo pouco a pouco aflorar dos fios simples do quotidiano um assombroso mito eterno em toda a sua riqueza, mistério e profundidade.

Resenha: 
Em Proibido, conhecemos Maya, 16 anos e Lochan, 17 anos, dois irmãos bem diferentes das pessoas de sua idade. Enquanto os outros jovens vão a escola, se divertem, tem seus relacionamentos, pais e mães que cuidam deles, Maya e Locham se dividem entre estudar e ser pai e mãe de seus irmãos mais novos, Willa, 5 anos, Tiffin, 8 anos e Kit, 13 anos. Seu pai foi embora a 5 anos atras e desde então, eles tem criado seus irmãos mais novos e cuidado da casa, já que sua mãe ou está bêbada para fazer alguma coisa, ou não está em casa porque saiu com algum homem ou com suas amigas para se divertir. Maya apesar de tudo, ainda tem amigos na escola, já Lochan, não consegue fazer nenhuma amizade e fora do seu circulo familiar, ele mal consegue falar uma ou duas palavras.

Desde muito pequenos eles sempre foram grudados. Como eles tem uma pequena diferença de idade, as pessoas achavam que eles eram gêmeos e eles até se comportavam como tal. Um sabia até o que o outro estava pensando. Eles ainda são os melhores amigos um do outro, mas depois que seu pai foi embora, as responsabilidades aumentaram e Maya percebe que Lochan já não é o mesmo, nem mesmo com ela. E ela fica nervosa só de pensar que ele está terminando o colégio e logo ele vai para uma faculdade e quando ele perceber que pode ser livre, ele vai deixar todos eles para trás. A vida deles se resume a estudar e cuidar da casa e dos irmãos, já que eles não querem em hipótese alguma serem separados. E se alguém descobrir como eles vivem, é isso que vai acontecer.

A gota d'água é quando sua mãe esquece de buscar seus irmãos na escola e eles desaparecem. Lochan perde a paciência e grita com ela. E sua mãe revida jogando na cara dele que ele não é normal e que ela tem vergonha dele. Lochan até tenta se relacionar com as pessoas, mas não consegue. Além de bonito ele é um dos alunos mais inteligentes do colégio e isso atrai a atenção das garotas, mas a única menina com quem ele consegue conversar é Maya. E quando ele percebe está sentindo por ela algo que não deveria sentir. E Maya retribui esse sentimento. Eles tentam se afastar e negar o que estão sentindo, mas é mais forte do que eles. E agora o que eles irão fazer quando as pessoas descobrirem o que está acontecendo?

Eu li muitas resenhas desse livro e todas diziam a mesma coisa, que o livro mexe com a gente a ponto de vermos com outros olhos algo que consideramos errado. Num primeiro momento o que eu pude ver na história foi uma família completamente desestruturada psicologicamente, principalmente Lochan que precisava urgente ver um psicólogo antes de ter um surto. É claro que ele está sob muita pressão e aquilo vai estourar de alguma forma. Não sei se é por isso ou não tem nada a ver, como não sou dessa área não posso dizer com certeza, mas a mim me pareceu que sim, que ele direcionou todo seu sentimento para a unica outra pessoa no mundo com quem ele conseguia falar. Então a princípio não acreditei que era amor o que ele sentia por Maya. O que eu vi foram dois adolescentes tendo que assumir um papel que não cabia a eles.

Eu sou adulta e tem horas que fico sobrecarregada com todas as responsabilidades, Agora imagine dois adolescentes tendo que se virar para criar mais três crianças, fazer comida, serviços domésticos e ainda fingir na escola que está tudo bem para não serem separados em lares adotivos. isso tudo em uma idade que os sentimentos estão a flor da pele, tudo é maior. Sei que muita gente vai me criticar, mas sinceramente eu não consegui ver o que eles sentiam como amor e sim como uma necessidade, tanto física, como psicológica. E é tão evidente que, principalmente Lochan não está bem, pela atitude que ele toma no final da história e a primeira reação da Maya também mostra que ela não está bem. E mesmo com o fim da história, eu não pude deixar de pensar o que seriam das outras crianças se alguma coisa não for feita.

Mas é inegável que a autora fez por merecer todos os elogios que ela recebeu até agora. Ela escreve sobre um tema tão polêmico com tanta leveza, que realmente a gente torce para que aconteça um milagre e eles consigam ficar juntos. Mesmo você sabendo que o incesto é moralmente incorreto (pelo que pesquisei, pelo menos no Brasil não é crime, o crime é fazer sexo com um menor de idade), não tem como não torcer por eles. E quero deixar claro que em nenhum momento a autora apóia o incesto, pelo contrário ela deixa claro que o que eles estão fazendo é errado, inclusive eles mesmos sabem disso, tanto que o "amor" que eles sentem, é acompanhado com a mesma intensidade pela culpa e pelo medo de que alguém descubra e separe sua família. A edição do livro está perfeita e gostei muito da capa. Enfim, apesar de não ter acreditado que era realmente amor o que eles sentiam, eu recomendo o livro para quem quer ler um livro com um tema polêmico. Leia e tire suas próprias conclusões.

"Não quero pensar. Se não pensar ou sentir, vou ficar bem e tudo vai voltar ao normal."

"Ele sempre foi tão mais do que apenas um irmão. Ele é minha alma gêmea, meu oxigênio, a razão pela qual espero com ansiedade pelo momento de acordar todos os dias."

"O sentimento estava lá havia anos, se aproximando da superfície a cada dia; era apenas uma questão de tempo até romper nossa frágil teia de negação, nos obrigando a enfrentar a verdade e reconhecer quem somos: duas pessoas que se amam - um amor que ninguém mais poderia compreender"

Nota: