Em maio de 1980, Óscar Drai desapareceu do internato onde estudava sem deixar rastros e durante uma semana amigos, professores e até a polícia procuraram em vão pelo fugitivo, que foi encontrado vagando pela estação de Francia como uma alma penada. E por quinze anos as lembranças do que aconteceu naqueles dias ficou esquecida, até que tudo voltou e o nome Marina se ascendeu em sua mente como uma ferida aberta. Todo mundo tem seus segredos trancados a sete chaves, esse é o de Óscar. Ele era um garoto de quinze anos que mofava entre as paredes do internato e que por vezes se aventurava pelas ruas do bairro de Sarriá nas três horas que tinha livre entre o término das aulas e o jantar, e foi em um desses dias que ele encontrou o casarão aparentemente abandonado, mas que ao invadir o local ele descobriu ser habitado.
Tomado pelo susto Óscar foge o mais rápido possível, mas acaba levando consigo um relógio de bolso que encontrou no local. Óscar nunca foi ladrão, por isso mesmo apavorado ele precisou voltar para devolver o objeto. É assim que ele conhece Marina e o pai dela Germán, o dono do relógio, que é muito gentil ao aceitar suas desculpas. Óscar fica fascinado por Marina e não hesita em aceitar o convite dela de voltar no dia seguinte. Quando perguntado pelo motivo de ter entrado na casa dela, Óscar responde que foi pelo mistério e ao saber disso Marina o leva até o cemitério de Sarriá, onde eles observam uma mulher toda vestida de preto entrar e depositar uma rosa vermelha em um túmulo sem nome, há apenas um desenho que lembra uma borboleta negra com as asas abertas. Marina diz que ela vem todo último domingo do mês e que não conseguiu descobrir quem está enterrado naquele tumulo e sugere que os dois a sigam.
Mas a mulher percebe e consegue despistar os dois que acabam entrando no lugar onde imaginam que a mulher entrou. Eles encontram uma estufa cheia de marionetes incompletas, marcadas com a mesma figura do tumulo, e também um álbum de fotografias com imagens de pessoas com má formação. Eles ficam bem perturbados e decidem deixar aquele mistério de lado. Mas o mistério vai até eles. Óscar acompanha Marina e Germán até a estação de trem, pois Germán vai para uma consulta em Madri e, após eles embarcarem, Óscar vê a mulher de preto e ela lhe entrega um cartão com um endereço. Ele nem pensa duas vezes antes de ir até o local, onde toma conhecimento de uma antiga história de amor que terminou em tragédia. Uma história sombria que deveria ter ficado no passado, mas que infelizmente não ficou e Óscar e Marina se veem envolvidos nela.
"— Às vezes, as coisas mais reais só acontecem na nossa imaginação, Óscar — disse ela. — À gente só se lembra do que nunca aconteceu."
Quando comecei a escrever as postagens comemorativas do blog pensei comigo, porque não reler e resenhar novamente o livro que deu o pontapé inicial ao blog. Até porque o livro foi escrito pelo gênio que nos deixou cedo demais e que está no meu top cinco de autores favoritos. E cá está ele. Quando resolvemos começar o Prefácio com a resenha de Marina não foi por acaso, foi porque esse livro virou uma febre entre um grupo de amigos na igreja que a gente frequentava. Eu li, passei para a Olivia, depois foi para o Matheus, que no início fazia o blog com a gente, e foi indo de mão em mão e todo mundo viciado nele. Um romance repleto de aventura, com um pé no suspense e outro no terror, que você não consegue largar antes de ler o final do livro.
Quem acompanha as resenhas aqui no blog sabe que não sou fã de escrita poética, mas essa é uma entre as muitas coisas que admiro no Záfon. As palavras dele se tornam música para nossos olhos e alimento para nossas almas que acaba devorando o que está escrito ali. E se tem uma coisa para reclamar de Marina é que a história termina rápido demais. Eu leria o dobro, o triplo de páginas porque a história é mais do que fascinante. Zafón é mestre em criar várias histórias dentro de uma história e nunca se sabe qual é a mais impressionante dentre elas. Temos a linda história de Germán, a história de Marina e Óscar propriamente dita e ainda a história do mistério do passado, que tem como personagem principal Mijail Kolvenik e que a gente fica ávido por conhecer. E todas elas prendem a gente de uma forma que não dá para largar antes de terminar o livro.
Cada personagem tem sua característica marcante que faz com que nos apaixonemos por todos eles. Até o vilão da história e tão fascinante que a gente quer um final decente para ele. São personagens tão ricos e complexos que a gente quer desvendar todas suas camadas. E toda a história é assim, mesmo o livro sendo um infanto-juvenil. Mas o certo é que ele agrada a todas as idades. E claro, para os adultos tem uma certa nostalgia, porque quem aqui que quando adolescente não tinha aquela casa abandonada no bairro que a gente queria descobrir tudo sobre ela e cada um inventava sua história sobre quem morou ali? E a escolhida era a que dava mais medo em todo mundo hehe.
E como foi essa segunda leitura do livro, dez anos depois? Gostei mais ainda do que da primeira vez, se é que isso é possível. Ao longo dos anos, escrevendo tantas resenhas é impossível não obter um olhar diferente na hora de ler. Sem nem perceber ganhamos um olhar mais crítico, e esse olhar ainda considera o livro excelente e um dos melhores livros que já li na minha vida. E para terminar que essa resenha já está enorme, indico o livro para todos os fãs de um bom suspense com toques de terror. Para quem gostou, a história lembra bastante uma mistura de Frankenstein com o filme A casa de cera. Quanto a capa eu amo essa simplicidade das capas do Zafón. Tem vezes que o livro te ganha pela capa, e devo confessar que essa foi uma delas.
Nota:
Oi Sil! Que resenha legal! Adorei a proposta de reler e resenhar novamente uma história que você já tinha gostado tanto ♥ Ainda não li nada do Zafon! Esse é um bom livro para começar a conhecer o autor?
ResponderExcluirOs Delírios Literários de Lex
Oi Sil, amei ver esse livro, a capa é linda. Amei ver também a emoção que você transmitiu ao escrever essa resenha, deu para sentir o quanto você gostou.
ResponderExcluirDica anotada.
Beijos.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Que historiaa!! Não conheço o autor, mas pela premissa desse livro, é maravilhoso!
ResponderExcluirFiquei mega curiosa pra saber mais da historia! E é tão bom, quando relemos um livro e gostamos ainda mais dele né?
Beijinhos
Tati
https://www.conclusoesliterarias.com.br/
Oi, Sil! Tudo bem? Eu sempre fico com medo quando a história tem uma pegada de terror, mas me peguei aqui super curiosa para saber como os fatos se desenrolaram, o que aconteceu com o Oscar nessas duas semanas em que sumiu e que fim levou marina e german! Se eu tiver a oportunidade, vou ler sim.
ResponderExcluirÉ legal reler livros que a gente gostou em certo momento da vida, nossos eu leitores mudaram e nossos gostos também, acho que a leitura pode se tornar nova.
beijos
https://duquesaazarada.blogspot.com
Tem releitura que faz o livro só ficar melhor e esse é o caso. Eu nunca li nada do Zafon mas tenho vontade.
ResponderExcluirBeijos
https://www.balaiodebabados.com.br/
Oi Sil, tudo bem?
ResponderExcluirAdoro fazer releituras! É impressionante como um livro pode nos surpreender mesmo a gente já conhecendo ele, né? E eu adorei essa dica de Zafón, ainda mais depois de ter curtido muito o estilo dele lendo A Cidade de Vapor.
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas
Acredita que eu nunca li nada dele Silvana? Morro de vontade. E que maravilhosa essa sensação de reler um livro 10 anos depois e continuar amando ~ ou amando ainda mais! Preciso ler algo do Zafón, sem falta. Beijos :*
ResponderExcluirOlá Silvana, tudo bem?
ResponderExcluirAinda não tive uma oportunidade de ler nada do autor, mas já fui fisgada pela trama. Que bom, que mesmo após dez anos o livro continua lhe cativando.
*bye*
Marla
http://loucaporromances.blogspot.com/
Oi, Sil. Como vai? Preciso ler algo do Zafón. Vejo muitos elogios sobre suas obras. Parece ser um livro sensacional. Ótima resenha. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Oi Sil.
ResponderExcluirAcredita que nunca li nada dele? Pelo menos que eu me lembre.
Gostei muito da premissa e fiquei muito curiosa por toda essa trama que envolve o mistério da mulher de preto.
Você poderia me indicar qual livro dele eu poderia começar?
Bjus
Sil, adoro o Zafón, ele é único como autor, é o mistério nas estórias dele que me cativam.
ResponderExcluirJá li Marina, O jogo do anjo, A sombra do vento... adorei todos!
Um dos meus autores preferidos!
Beijos nas bochechas!
😘
Oi Sil!
ResponderExcluirEu fico boba quando você ama um livro, é perceptível na sua resenha. E principalmente, do Carlos Ruiz Zafon, porque eu fico chocada como não consegui gostar quando li. Talvez eu tenha que dar mais uma chance, pegar outro livro, né?
E sim, também acho essas capas um charme!
beeeijos
http://estante-da-ale.blogspot.com/
OI Sil! Esse foi o primeiro livro do autor que li e me apaixonei por sua escrita. Marina é lindo, traz personagens maravilhosos e uma história muito tocante. Eu amo este livro. Bjos!! Cida
ResponderExcluirMoonlight Books
Adoro a escrita de Carlos Ruiz Zafon. Acho fantástica e impossível de descrever o estilo, pois você começa a ler achando que é uma coisa, no meio acha que pode ser outra, e no fim fica bobo com o desfecho.
ResponderExcluirDanielle Medeiros de Souza
danibsb030501@yahoo.com.br
Olá Silvana
ResponderExcluirQue resenha apaixonante .Ainda não li nada do autor mas depois de ler a sua resenha fiquei com muita vontade de conhecer a escrita do Zafon.
Muito bom que mesmo depois de tanto tempo você ,ao fazer a releitura do livro continua tão ou mais apaixonada pela trama.