Páginas: 352, 352 e 352
Ano: 2012
Mas não tinha nem ideia do que esperar dessa trilogia erótica, releitura de um conto de fadas. Por já estar acostumada a ler livros eróticos com BDSM achei que não ia me chocar tanto, mas aconteceu. Primeiro que a pratica antes de tudo tem que ser consensual, o que não é o caso aqui no livro. E segundo que mesmo com todas os fetiches, dores e tudo mais que envolve a pratica, o prazer é das duas partes, o que também não acontece aqui, que só aos senhores é permitido ter prazer. É uma leitura difícil, forte e que mexe com a gente, por isso entendo a revolta dos fãs da autora. E ela já sabia que isso ia acontecer já que escreveu sob o pseudônimo de A. N. Roquelaure.
O primeiro livro começa com o Príncipe chegando ao castelo e quebrando a maldição da Bela, não com um beijo como nos clássicos de fadas da Disney, mas mais próximo do original quando Bela acorda quando é violada com um estupro. E essa é a parte mais "bonita" da história porque daí em diante é só ladeira abaixo. Bela é levada para o reino do Príncipe para ser uma escrava sexual e já no caminho ela percebe que só acordou de um pesadelo para entrar em outro bem pior com torturas psicológicas e físicas, castigos por qualquer vontade do Príncipe, estupros, abusos, espancamentos e humilhações. E não existe palavra de segurança, se ela demonstrar o mínimo que seja que não está gostando, é castigada.
No segundo Bela acaba se rebelando por um motivo que até agora não entendi qual foi. Ela olha para um dos príncipes que vai ser levado para uma vila para um punição mais séria e acaba dando um jeito de ir junto. Lá a coisa ainda desce um nível e além de tudo isso que já citei, eles vão servir como escravos trabalhando no que quer que seus donos queiram. E detalhe que esqueci de mencionar, eles precisam andar nus o tempo todo e pela maior parte do tempo de quatro como animais. Até arreios e ferraduras eles tem que usar. E nesse segundo livro a autora conseguiu me chocar porque tem uma cena onde temos Zooerastia.
No terceiro Bela é sequestrada junto a outros príncipes e princesas e levada para outro reino onde as coisas são bem diferentes. Ainda existem os castigos, as degradações, eles são tratados literalmente como animais, os homens servem como cavalo, e são proibidos de falar e devem se portar como se fossem irracionais, mas a parte sexual achei mais intensa. Bela e os outros escravos já estão tão quebrados que um mínimo gesto de carinho já desperta uma onda de amor e gratidão por seus senhores. E no fim a gente já está um pouco como os personagens, achando tudo aquilo normal. Mas é tudo tão absurdo que nem sei o que deu na cabeça da autora para escrever esses livros.
Porque eu fiquei o tempo todo, não, ela tem algum propósito ao escrever isso, ela vai chegar em algum lugar, vai ter alguma lição disso tudo, mas terminei a trilogia e não consegui ver o objetivo da autora. Eu li algumas resenhas e algumas pessoas acham que ela escreveu como uma forma de protesto, já que os livros foram escritos quase quarenta anos atrás onde algumas feministas considerava que a pornografia violava o direito das mulheres, outros já acham que foi uma critica ao felizes para sempre dos contos de fadas. O certo é que eu terminei e fiquei sem entender. E ainda depois vi que na verdade não é somente uma trilogia, tem mais um livro que se passa vinte anos depois do final do terceiro livro.
Achei a leitura bem cansativa, apesar de ter lido os três livros em menos de uma semana. As cenas são bem descritivas e repetitivas, acho que para enfiar goela abaixo do leitor mesmo. Porque como disse, depois que terminei, nem estava mais incomodada com o que estava lendo apesar do absurdo todo das cenas. E tem um ponto que preciso frisar, li algumas resenhas falando que eles estavam gostando porque sentiam prazer com aquilo, mas infelizmente não temos controle sobre nosso corpo. A dor, o medo, leva a pessoa a ter reações fisiológicas como fazer xixi, tremedeiras, espasmos e com a parte sexual não é diferente, tanto que tem vitimas de estupro que se culpam por chegar ao orgasmo.
E uma coisa que não me conformo de tudo isso é que a Bela só tem quinze anos e seus próprios pais entregam ela nas mãos do Príncipe sabendo tudo o que ela ia passar porque eles mesmos já tinham passado por aquilo. A justificativa é que eles se tornariam reis e rainhas melhores, mas eu não vejo como aquilo tudo tornaria a pessoa melhor. Mas enfim, é uma leitura que não recomendo, a não ser que queira ler por conta do sexo mesmo. Quanto a edição, a capa é totalmente relevante para o conteúdo, e só não gostei que as folhas são brancas.
Nota:
