Resenha | Noite sem fim - Agatha Christie

Livro: Noite sem fim

Série: Não

Gênero: Romance Policial

Autora: Agatha Christie
Editora: HarperCollins Brasil
Páginas: 224
Ano: 2020

Resenha:

Michael Rogers é um jovem que gosta de viver o momento e não tem por hábito fazer planos para o futuro. Ele está sempre pulando de um emprego para o outro e trocando de namorada o tempo todo. As pessoas dizem que ele precisa de estabilidade, um casamento uma boa moça e um emprego fixo com uma boa renda, mas Michael sempre quis distância disso. Mas de repente em um dia que estava de bobeira Michael viu o anúncio do leilão da "Torres", um terreno valioso e algo muda dentro dele. Tudo o que ele sempre fugiu acaba se tornando uma necessidade e ele já até consegue se ver casado e morando em uma bela casa no seu novo terreno.

Ao perguntar sobre o terreno para os moradores locais, Michael acaba descobrindo que na verdade o terreno é conhecido como Passo do Cigano e existem algumas lendas e várias histórias trágicas no local. Mas Michael nunca foi supersticioso e apenas ri das histórias. E ele até conhece uma cigana, Mrs. Esther Lee, que se oferece para ler a mão de Michael e avisa para que ele vá embora o mais depressa possível e nunca mais volte para aquele local. Michael até fica meio receoso por um momento, mas esquece tudo isso quando conhece Ellie Guteman e se apaixona pela moça à primeira vista. E o sentimento é recíproco. 

Então Ellie encontra a cigana que ao ler suas mãos faz a mesma previsão feita a Michael e pede que Ellie vá embora e nunca mais volte para aquele lugar amaldiçoado. Só que o casal já está apaixonado pelo lugar e com sonhos e planos para sua linda casa que será construída por Rudolf Santonix, um arquiteto amigo de Michael. Mas Michael fica desanimado quando descobre que o terreno já foi vendido. E para sua surpresa a compradora é Ellie, que tem mais dinheiro do que ele já imaginou na vida. Logo eles se casam e a casa que estava em seus sonhos começa a se tornar realidade. Assim como as profecias da cigana. Acidentes inexplicáveis começam a acontecer, e resta saber se é mesmo a maldição que está por trás deles.

Esse livro foi meu primeiro contato com a Agatha Christie há 30 anos. E depois de tantos anos e tantos livros depois confesso que a única coisa que eu lembrava da história era que tinha uma cigana. Então foi como se estivesse lendo ele pela primeira vez. Mas imaginava que fosse muito bom para eu ter virado fã de carteirinha da autora para o resto da vida. E antes de começar a ler resolvi ler algumas resenhas e percebi que muitos consideram o livro fraco. Mas fui sem muitas expectativas, na medida do possível. E já comecei estranhando porque foge bastante dos livros da Agatha que tenho mais frescos na memória. 

Aqui não temos aquele enredo pronto de quase todos seus livros, e não só dos livros da Agatha, mas dos romances policiais em geral. Aquele enredo onde acontece um crime, o detetive da vez começa a investigar, acontece um segundo e até um terceiro crime e no final tem a prisão do culpado e o detetive explicando como chegou aquela conclusão. Nesse temos uma história de amor narrada em primeira pessoa pelo protagonista Michael, com algumas pitadas de sobrenatural com essa coisa da maldição no terreno cigano. Pelo menos é isso que acreditamos nas duas primeiras partes do livro. Mas na terceira meus amigos, ai a coisa muda de figura e a Agatha se revela.

E foi então que me lembrei do porque me apaixonei pela autora. E foi dai que veio meu prazer em ser feita de trouxa pelos autores do gênero. Porque a Agatha me enganou direitinho. E o pior é que ela sempre deixa as pistas ao longo da história e a gente nem percebe. Tudo só faz sentido no final do livro quando o mistério é revelado. Sei que tem muita gente que não consegue gostar da Agatha, mas eu amo a forma como ela construiu sua carreira com mistérios "simples" como esse. Esse livro foi escrito em 1967, quando a autora estava com 77 anos. Eu aqui com meus quarenta quase nem me lembro do que fiz ontem e ela ainda conseguia fazer seus leitores de trouxa.

Quanto aos personagens eu não posso falar muito deles porque é daquele tipo de história que ninguém é o que parece. Eu poderia descrever vários deles de formas diferentes porque durante um período da história eles são apresentados de uma maneira e depois completamente diferentes. Mas posso citar meu personagem favorito que foi o Santonix. Um dos personagens mais misteriosos que já li da Agatha. Quanto a edição, eu reli ele nessa nova coleção da HarperCollins, dos livros coloridos. E achei a edição maravilhosa. Não encontrei erros de revisão como nas outras edições deles. E eu particularmente gosto desse arco-íris na estante. Até por isso assino o Clube Intrínseco. 

Nota: