Resenha | Bem Atrás de Você - Lisa Gardner

Livro: Bem Atrás de Você
Série: Quincy & Rainie # 7
Gênero: Suspense, Mistério
Autora: Lisa Gardner
Editora: Gutenberg
Páginas: 352
Ano: 2018

Resenha:
Telly de 9 anos e sua irmã Sharlah de 5 não vivem, mas sobrevivem com seus pais. Antes, até que eles tinham algum carinho ou atenção dos pais, mas depois as coisas foram piorando cada vez mais e quando seus pais não estão se drogando ou bebendo até cair, eles estão dormindo. Por isso cabe a Telly cuidar de Sharlah. E é isso que ele faz quando seus pais começam a discutir e de repente seu pai está com uma faca e acerta sua mãe na frente deles. Telly não pensa duas vezes quando seu pai vem em sua direção com a clara intenção de fazer o mesmo com eles. Ele pega um bastão de beisebol e algo parece tomar conta do seu corpo e ele só "acorda" quando escuta o som de um osso sendo partido. Ele matou seu pai e estilhaçou o braço de sua irmãzinha.

Eles são separados e vão parar no sistema de adoção, onde cinco anos depois Sharlah acaba na casa de Pierce Quincy e Rainie Conner, seus novos pais de acolhimento. Rainie é uma policial aposentada e Quincy ex-agente do FBI. Agora, três anos depois eles estão prestes a adotar Sharlah, mas quase nada mudou desde o dia em que ela veio morar com eles. Sharlah sofre de estresse pós-traumático e parece que só consegue ter algum tipo de sentimento por Luka, o pastor-alemão que já foi um cão policial até machucar o joelho em serviço. Quincy e Rainie estão aposentados, mas continuam prestando consultoria para a policia, principalmente nos casos onde são especialistas, casos onde os assassinos são considerados monstros.

E quando Quincy recebe um telefonema da xerife Shelly Atkins pedindo sua ajuda em um caso, ele já sabe que a coisa deve ser feia, ainda mais por ser na cidadezinha tranquila de Bakersville, onde nunca acontece nada. Um adolescente acaba de matar duas pessoas em uma loja de conveniência em um posto de gasolina, mas antes de sair de casa ele matou seus pais de acolhimento. E não fez a minima questão de esconder seu rosto antes de atirar na câmera de vigilância da loja. O que fez Shelly chamar Quincy foi a expressão no rosto do garoto, ela tem certeza de que ele vai continuar matando. Mas a grande surpresa fica por conta da identidade do garoto. Ele é Telly Ray Nash, está descontrolado e Sharlah parece ser sua próxima vítima.

"Ele não terminou."
"Sharlah..."
"Você tem que fazer meu irmão parar. Ele não consegue parar sozinho. Alguém precisa fazer o Telly parar." Ela esfregou o ombro. "É assim que funciona. Outra pessoa, você precisa parar o meu irmão, pelo bem dele."

Eu recebi esse livro em parceria com a Editora Gutenberg em uma ação promovida pela editora. E como já tinha lido dois livros da autora e gostado muito, estava com as minhas expectativas lá nas alturas para a leitura desse livro. E minhas expectativas foram alcançadas e superadas. Fazia tempo que eu não lia um livro de suspense tão bom, daqueles que a gente até anda lendo o livro porque não consegue largar ele antes de saber o que realmente aconteceu. Como disse, já conhecia a autora de dois outros livros, mas nesse ela se superou. A história foi incrível do começo ao fim. E no final, nos agradecimentos, deu para ver o quanto ela se esforçou e estudou para escrever essa história, para não escrever bobagens que não passassem nenhuma veracidade. Só nisso ela já ganhou muitos pontos comigo.

Geralmente o que encontramos em livros do gênero são crimes onde a investigação vai girar em torno da identidade do assassino. Aqui não. A ação toda é uma caçada a Telly, o suposto culpado dos assassinatos. Suposto sim porque temos um inicio de história onde conhecemos duas crianças maltratadas pelos pais que num certo momento a mais velha, 9 anos apenas, reage e salva os dois da morte certa ou no mínimo de maus tratos futuros e contínuos, o que já era rotina na vida deles. Então querendo ou não, o leitor nutre uma certa simpatia por Telly, vendo ele mais como vitima do que como assassino. E essa foi minha dúvida durante toda a história, se ele era realmente o culpado do que estava acontecendo. Mas num certo momento até Sharlah tem certeza de sua culpa, então eu não sabia mais o que pensar. Se ele é culpado ou não, vocês terão que ler para descobrir.

A história é narrada em primeira pessoa, quando acompanhamos Sharlah e quando temos capítulos mostrando o que aconteceu em um passado recente com Telly e em terceira quando acompanhamos a equipe de policiais envolvidos no caso. Isso só reforçou a ligação que o leitor tem com os irmãos. E também deu toda uma agilidade para a história. E, eu que não gosto de aspas no lugar de travessão, só percebi que era o caso quando faltava menos de dez páginas para terminar o livro de tão envolvida que estava. Mesmo sendo uma história policial e com bastante ação, não tem como não se envolver com a situação, principalmente o drama dos irmãos e confesso que terminei o livro com lágrimas nos olhos.

Todos os personagens são incríveis. Telly e Sharlah, é impossível não amá-los. Infelizmente quantas crianças estão vivendo situações parecidas e depois ainda acabam em sistemas de adoção. Se quem nasce em uma família estruturada já é dificil enfrentar a vida, imagine crianças assim então. Rainie e Quincy são personagens de outros livros da autora, esse é o sétimo da série e já quero ler mais livros com eles, mas acho que não tem no Brasil ainda. Vamos torcer para que a editora traga eles. E temos outros personagens que se destacam, como a xerife Shelly e o rastreador Cal. Enfim, o livro é incrível, por isso favoritei. A capa está linda e a diagramação segue o padrão de qualidade da editora. Recomendo com certeza para os fãs de um bom suspense psicológico.

Nota: