Livro: Coraline
Série: Não
Gênero: InfantoJuvenil, Terror
Autor: Neil Gaiman
Editora: Intrínseca
Páginas: 224
Ano: 2020
Coraline acabou de se mudar para uma casa nova com seus pais. Na verdade é um apartamento, já que a velha casa grande foi dividida em vários partes. No andar abaixo do de Coraline, no térreo, vivem a srta. Spink e a srta. Forcible, duas velhas gorduchas que no passado já foram atrizes e elas dividem o espaço com inúmeros cachorros velhinhos da raça terrier escocês. Já no apartamento acima mora um velho doido com um bigodão, que diz estar treinando uma trupe de ratos de circo. E o apartamento que divide o andar com o de Coraline está vazio. Sem ter nenhuma criança por perto para brincar, Coraline passa seu tempo explorando. Nas primeiras duas semanas após a mudança ela se dedicou a conhecer o jardim e suas imediações em busca de animais.
Foi assim que ela conheceu um gato preto que fica sempre nos muros ou nos troncos das arvores observando-a, mas foge toda vez que a menina se aproxima querendo brincar. Mas então o tempo mudou e um belo de um temporal obrigou Coraline a ficar dentro de casa. Entediada Coraline aceitou o conselho do seu pai que disse para ela contar todas as janelas e portas da casa e foi quando ela descobriu a porta grande talhada em madeira escura na sala de visitas, que abre para uma parede de tijolos, que sua mãe diz ser a parede que divide os apartamentos. E Coraline fica tão impressionada que de noite acaba ouvindo um barulho e sem saber se está sonhando ou não, ela vê alguma coisa se movendo até aquela mesma porta. No dia seguinte a chuva parou, mas uma névoa branca e espessa estava sobre a casa e Coraline ainda não pode continuar sua exploração e vai visitar as srtas.
Elas leem seu futuro nas folhas do chá e avisam que Coraline corre perigo e lhe dão uma pedra com um furo no meio para sua proteção. O engraçado é que antes disso o velho doido disse que seus ratos mandaram um recado para Coraline, que ele não atravesse a porta. Mas Coraline não lembra de nada disso quando fica sozinha em casa e entediada resolve abrir a porta, que dessa vez não dá para uma parede de tijolos e sim para um corredor escuro. E ao entrar nele Coraline se depara com um mundo muito parecido com o seu, tem até seus pais, só que seus olhos parecem grandes botões pretos. Tudo por lá é mais interessante e Coraline recebe a proposta de viver lá para sempre, ela só precisa deixar sua outra mãe costurar botões no lugar dos seus olhos. Coraline consegue escapar, mas ao voltar para sua casa verdadeira, seus pais desapareceram.
"Coraline respirou fundo e mergulhou na escuridão onde vozes estranhas cochichavam e ventos distantes uivavam. Ela tinha certeza de que havia algo no breu atrás dela: alguma coisa muito velha e muito lenta. Seu coração disparou. Batia com tanta força e tão alto que ela temeu que pudesse explodir em seu peito."
Quem acompanha o blog já sabe que o Gaiman figura entre os autores que todo mundo ama e eu não. Já li quatro livros dele e não consegui gostar de nenhum. Mas sempre tive a curiosidade de ler Coraline e quando a Intrínseca lançou essa edição maravilhosa eu decidi me aventurar. E para minha surpresa eu amei o livro. Mas não sei se recomendaria ele para uma criança não. Especialmente se for uma criança medrosa como eu era. Tem algumas cenas aterrorizantes e que com certeza vai deixar a criança sem dormir de noite. Mesmo que a mensagem que o livro passa seja sobre a coragem. Então por isso, a não ser que seja uma criança já acostumada com histórias de terror, eu recomendaria ele para os adolescentes e para os adultos, porque não?
Coraline é como toda criança: curiosa. Ainda mais quando chega em um lugar desconhecido. Claro que já vamos brincar de explorar tudo no local. E ainda temos que levar em conta que ela não tinha outra criança para brincar com ela, então a imaginação tem que fazer seu serviço. E imaginação Coraline tem de sobra. E é engraçado ler um livro infantil onde temos um personagem não confiável. Estou acostumada a ver isso em livros adultos de suspense. Mas Coraline é assim, tanto que no final fica aquela pequena dúvida de que se tudo aquilo aconteceu mesmo ou foi somente sua imaginação.
E um dos pontos fortes do livro são seus personagens, desde os pais meio ausentes, aos vizinhos excêntricos. Logo que os conhecemos já sabemos que o autor tinha muito a explorar com eles. E ainda tem os pais do outro lado, que a princípio são tudo que os pais de verdade de Coraline não são, o que deixa a garota tentada. Mas como tudo tem seu preço, a verdade era bem diferente da apresentada. Outra coisa que gostei bastante foi que o autor retratou a figura do gato preto como uma coisa boa, o que é bom para desmistificar a imagem que todos tem do gato preto, principalmente em histórias de terror.
Quanto a edição estou sem palavras para descrever o quanto o livro ficou deslumbrante. É capa dura, o miolo e a fita de marcar a página é na cor roxa e dentro também temos detalhes na mesma cor. Sem falar nas ilustrações perfeitas de Chris Riddell que dão o tom necessário para a história. Recentemente descobri que o livro tem uma adaptação, mas como todas, diverge bastante do original, então nem sei se vou assistir. E finalizo essa resenha indicando o livro para todos que gostem do gênero. Ele é bem curto e ideal para ser lido nesse mês de outubro, para quem curte livros temáticos.
Nota: