Resenha | Uma Dobra no Tempo - Madeleine L'Engle

Livro: Uma Dobra no Tempo
Série: Uma Dobra No Tempo # 1
Gênero: Fantasia, Ficção Científica
Autora: Madeleine L'Engle
Editora: HarperCollins Brasil
Páginas: 240
Ano: 2017

Resenha:
Quando sua família se mudou para essa casa, Margaret Murry como filha mais velha teve o direito de escolher seu quarto e ela preferiu ficar no sótão. E o que era um privilégio até então não se mostrou uma boa ideia quando se tem uma tempestade com alertas de furacão. Meg não consegue dormir já que a qualquer momento o vento pode arrancar o telhado e levar sua cama bamba de latão pelos ares. E não é só a tempestade que não a deixa descansar. Seu dia na escola foi muito difícil. Mais um dia difícil, o que tem sido uma constante na vida de Meg depois que seu pai desapareceu há mais de um ano. Os professores lhe dizem o tempo todo que ela não chega perto da genialidade dos seus pais, sua aparência não é das melhores, o que afasta as outras garotas, e ela vive arrumando briga porque os outros alunos insistem em ofender seu irmãozinho Charles Wallace de cinco anos, que é um tanto peculiar para sua idade, mas as outras pessoas o chamam de "lerdo".

Cansada de tentar pegar no sono Meg decide ir até a cozinha onde encontra Charles fazendo um lanche e logo depois sua mãe se junta a eles. Charles é muito perceptível e parecia já saber que elas se juntariam a ele em seu lanche noturno. Assim como parecia prever a chegada de uma visita, uma senhora bem esquisita que se apresenta como Sra. Quequeé e que Charles diz que conheceu na casa assombrada da floresta. Meg fica preocupada ainda mais por estar acontecendo alguns roubos na região, e fica ainda mais desconfiada quando antes de ir embora a senhora diz que o tesserato existe, sim. No dia seguinte Meg acha que foi tudo um sonho. Mas ao falar sobre o assunto com sua mãe ela diz que ela e seu pai tinham uma piada sobre o tesserato e que vai falar mais sobre o assunto depois que eles voltarem da aula. E seus irmãos, Sandy e Dennys, os gêmeos de dez anos ficam bravos por terem perdido a aventura da madrugada.

Mas quando volta da escola Charles arrasta Meg até a floresta dizendo que eles precisam falar com a Sra. Quequeé e suas duas amigas e no caminho encontram Calvin O'Keefe, um garoto da escola que é um pouco mais velho que Meg e que também é diferente como Charles. Já na casa, eles conhecem a Sra. Quem que é tão esquisita quanto a amiga e Meg fica perplexa quando ela diz para eles se prepararem que está chegando a hora deles salvarem seu pai. E essa hora chega logo depois do jantar quando Meg e Calvin estão conversando no quintal, e é quando eles conhecem a terceira amiga, a Sra. Qual. Num instante eles estão no quintal e quando percebem eles estão em outro planeta e a Sra. Quequeé diz que eles tesseraram, ou seja fizeram dobras no tempo. E após passarem por alguns planetas eles chegam em Camazotz, planeta onde seu pai está sendo mantido preso pela Coisa Escura e é assim que se inicia a grande jornada dessas crianças não só para resgatar seu pai, mas para salvar o resto do universo. 

"...mas uma coisa que aprendi é que você não precisa entender as coisas para elas existirem."

Uma Dobra no Tempo é o primeiro livro de uma série escrita em 1962 e hoje é considerada um clássico da fantasia e da ficção científica infantojuvenil. Mas ele foi recusado por várias editoras antes de finalmente ser publicado. Eu me interessei em ler esse livro porque recebi o segundo livro da série no anúncio de parceria com a HarperCollins e quando comecei a pesquisar sobre a história, uma das coisas que me chamou a atenção foi que o livro é considerado como uma ficção evangélica e a exemplo de As Crônicas de Nárnia, ele tem insinuações às passagens da Bíblia. Apesar de não gostar de ler livros que tenham algo a ver com religião (sou evangélica), essas alusões não me incomodaram como vi que incomodou muita gente nas resenhas que eu li.

Como o livro é mais indicado para crianças e adolescentes, tentei ler com a visão que eu teria se estivesse lendo há uns vinte e poucos anos atrás. E sendo dessa forma eu gostei bastante da história. No final do livro temos um discurso da autora de 1963 em agradecimento a Medalha Newbery e nele a autora fala sobre a imaginação das crianças e como a perdemos ao longo dos anos. E concordei muito com ela porque se formos ver mais da metade dos livros que lemos quando crianças e viajamos para outros lugares se formos ler com os olhos de agora será visto como uma grande bobagem. Os contos que tanto amamos quando crianças, nunca serão críveis aos olhos de adultos. Por exemplo, um adulto não acreditaria em um animal ou em uma flor falando, o que acontece em quase todos os contos de fadas.

Por isso eu recomendo que leia esse livro dessa forma. Se for pensar como adulto, a história não tem nexo, as crianças são birrentas e malcriadas em vez de apenas crianças descobrindo coisas que nunca imaginaram. E quase tudo na história vai precisar de uma boa pitada de imaginação, principalmente as três amigas e os planetas visitados. Nessa questão acho que o filme que eu não assisti ainda, ajuda. Mas recomendo que leia primeiro e use sua imaginação. A história é uma mescla de ciência e religião e onde essas duas coisas não bastam entra a fantasia. O livro é bem curtinho e dá para ser lido em um dia. E com certeza vou querer ler os outros quatro livros da série. E antes de terminar essa resenha tenho que elogiar o trabalho da editora que arrasou na edição, com destaque para essa capa dura e com o título em baixo-relevo.

Nota: